Aeronáutica e espaço foram o setor com maior reforço nas agendas do PRR


A reprogramação das agendas mobilizadoras resultou num reforço de 319 milhões de euros e foi no setor da aeronáutica e do espaço que esse reforço foi mais significativo – 369,94 milhões de euros.

Das 52 agendas mobilizadoras, 37 pediram para ser reprogramadas, um número que “surpreendeu” o presidente do IAPMEI pela sua dimensão. “Estávamos à espera de pequenos ajustes e alguns até em baixo, tendo em conta os desafios administrativos e de mercado com que as Agendas se estavam a confrontar e o que vimos foi uma grande ambição neste processo”.

E numa análise setorial apenas a área da energia reviu em baixa a sua ambição, num reflexo da evolução do mercado, mas continua a ser uma das áreas mais relevantes em termos de apoio (a terceira maior). “Um setor que apostou muito em novas tecnologias, em novas soluções energéticas, designadamente hidrogénio, e o que se verificou é que o mercado não está lá, as tecnologias não estão tão maduras e, do ponto de vista da boa gestão, fez-se uma reavaliação do investimento, optando por um ritmo mais seguro e sustentado”, sublinhou ao ECO o presidente do IAPMEI.

Foram 145 milhões de euros que as agendas deste setor libertaram e que puderam ser redistribuídos pelas restantes, que aumentaram os produtos e serviços que pretendem desenvolver. Houve um acréscimo de 203 novos produtos e serviços, que se somam aos 1.060 já previstos.

Neste ranking setorial que o IAPMEI cedeu ao ECO, o segundo lugar é ocupado pelas agendas na área das tecnologias de informação que teve nesta reprogramação um reforço de 19,03 milhões de euros (+11,8%) para um total de incentivo de 180,8 milhões (o quinto setor com mais apoios).

O terceiro lugar do pódio é ocupado pela área dos transportes e da logística que recebeu um reforço de 15,19 milhões de euros (+3,9%) para um incentivo total de 403,54 milhões. Este é o segundo setor mais relevante em termos de apoios, uma posição que já detinha antes da reprogramação.

O setor da aeronáutica e do espaço passou a ser o mais relevante em termos de apoios do PRR ao nível das agendas mobilizadoras, já que quase triplicou os incentivos recebidos (passou de 244 milhões para 613,3 milhões), ultrapassando as agendas da energia que inicialmente somavam um incentivo de 540,72 milhões de euros. A responsabilidade é de duas agendas em concreto: que se propõem criar o primeiro avião português e lançar sete satélites para o espaço.

Em causa estão mais 279 milhões de incentivo para o espaço e 90 milhões para o aeroespacial.

Com a reprogramação o avião passará a ter também uma versão militar, numa estratégia de dual use que tem orientados os investimentos que podem contribuir para o reforço da aposta na área da defesa. “Chegou-se à conclusão, nos tempos que vão correndo, que o mercado militar revelou ser uma oportunidade adequada às necessidades estratégicas, o que justificou a adaptação à utilização militar. Portanto, aproveitou-se para desenvolver, a partir da versão civil, uma versão militar, que é mais adequada às necessidades do país e que terá, seguramente, mais aceitação no mercado”, explicou José Pulido Valente, ao ECO.

“As agendas reprogramaram de acordo com a nova envolvente e as novas prioridades estratégicas. Houve um reforço muito significativo no número de satélites que vai permitir que o tempo de passagem passe de seis para duas horas e pouco, o que significa que vamos ter uma cobertura muito maior, com impactos desde logo, por exemplo, na prevenção de incêndios”, explicou o presidente do IAPMEI. “Vamos ter uma visão muito maior no controle da nossa zona marítima, que é muito extensa. Isso era muito importante para assegurarmos o controlo da zona exclusiva económica, mas também vai permitir a utilização para questões de defesa”, acrescentou.

Apesar de não ser uma das agendas com maior reforço em termos de verbas (+7,33 milhões de euros) as agendas da cerâmica e do vidro destacam-se por terem o terceiro maior aumento percentual (16%). Deste ponto de vista seguem-se as agendas do Turismo (9,4%) e do Habitat (9,3%) com taxas de variação mais significativas.

Entre as 37 agendas que solicitaram uma reprogramação, as que solicitaram um aumento de ambição somam 464,48 milhões de euros. Um aumento que foi compensado pelos 145,31 milhões que as agendas da energia libertaram. A dimensão do esforço acabou por ditar alguns atrasos na decisão da reprogramação já que era necessário reforçar a dotação de 2,85 mil milhões de euros que as agendas tinham. Um montante que em si já foi fruto da primeira reprogramação do PRR, em 2023, que aumentou as verbas das agendas face aos 930 milhões iniciais. Recorde-se que a agenda que tinha a Galp como líder para criar a cadeia de valor das baterias nunca chegou a ser assinada e, portanto, havia ainda essa margem de cerca de 112 milhões de euros.

“Este nível de ambição resultou em ter de encontrar fontes de financiamento, um processo naturalmente mais exigente do que a mera redistribuição de verbas”, explicou o presidente do IAPMEI.

Só os setores do têxtil e vestuário e da floresta não pediram qualquer revisão dos incentivos que já lhes foram acordados: 66,68 e 63,67 milhões de euros, respetivamente.

As agendas já foram todas notificadas da reprogramação. O passo seguinte é aceitarem os novos termos, ou seja o novo contrato, e a partir daí podem contar com o reforço de apoios.

Apesar do aumento de ambição das agendas, Pulido Valente diz estar “muito mais tranquilo do que antes da reprogramação” com a capacidade das agendas mobilizadoras concluírem os seus investimentos dentro do prazo limite definido no PRR – 30 de junho de 2026. “Quando se dá oportunidade aos consórcios para reverem a sua ambição, em vez de aproveitarem para reduzir em baixa, aumentam essa ambição e propõe-se fazer mais, os consórcios demonstraram profissionalismo e responsabilidade, pelo que a sua decisão de aumentar a ambição reflete confiança na execução”, explicou o presidente do IAPMEI.


A reprogramação das agendas mobilizadoras resultou num reforço de 319 milhões de euros e foi no setor da aeronáutica e do espaço que esse reforço foi mais significativo – 369,94 milhões de euros.

Das 52 agendas mobilizadoras, 37 pediram para ser reprogramadas, um número que “surpreendeu” o presidente do IAPMEI pela sua dimensão. “Estávamos à espera de pequenos ajustes e alguns até em baixo, tendo em conta os desafios administrativos e de mercado com que as Agendas se estavam a confrontar e o que vimos foi uma grande ambição neste processo”.

E numa análise setorial apenas a área da energia reviu em baixa a sua ambição, num reflexo da evolução do mercado, mas continua a ser uma das áreas mais relevantes em termos de apoio (a terceira maior). “Um setor que apostou muito em novas tecnologias, em novas soluções energéticas, designadamente hidrogénio, e o que se verificou é que o mercado não está lá, as tecnologias não estão tão maduras e, do ponto de vista da boa gestão, fez-se uma reavaliação do investimento, optando por um ritmo mais seguro e sustentado”, sublinhou ao ECO o presidente do IAPMEI.

Foram 145 milhões de euros que as agendas deste setor libertaram e que puderam ser redistribuídos pelas restantes, que aumentaram os produtos e serviços que pretendem desenvolver. Houve um acréscimo de 203 novos produtos e serviços, que se somam aos 1.060 já previstos.

Neste ranking setorial que o IAPMEI cedeu ao ECO, o segundo lugar é ocupado pelas agendas na área das tecnologias de informação que teve nesta reprogramação um reforço de 19,03 milhões de euros (+11,8%) para um total de incentivo de 180,8 milhões (o quinto setor com mais apoios).

O terceiro lugar do pódio é ocupado pela área dos transportes e da logística que recebeu um reforço de 15,19 milhões de euros (+3,9%) para um incentivo total de 403,54 milhões. Este é o segundo setor mais relevante em termos de apoios, uma posição que já detinha antes da reprogramação.

O setor da aeronáutica e do espaço passou a ser o mais relevante em termos de apoios do PRR ao nível das agendas mobilizadoras, já que quase triplicou os incentivos recebidos (passou de 244 milhões para 613,3 milhões), ultrapassando as agendas da energia que inicialmente somavam um incentivo de 540,72 milhões de euros. A responsabilidade é de duas agendas em concreto: que se propõem criar o primeiro avião português e lançar sete satélites para o espaço.

Em causa estão mais 279 milhões de incentivo para o espaço e 90 milhões para o aeroespacial.

Com a reprogramação o avião passará a ter também uma versão militar, numa estratégia de dual use que tem orientados os investimentos que podem contribuir para o reforço da aposta na área da defesa. “Chegou-se à conclusão, nos tempos que vão correndo, que o mercado militar revelou ser uma oportunidade adequada às necessidades estratégicas, o que justificou a adaptação à utilização militar. Portanto, aproveitou-se para desenvolver, a partir da versão civil, uma versão militar, que é mais adequada às necessidades do país e que terá, seguramente, mais aceitação no mercado”, explicou José Pulido Valente, ao ECO.

“As agendas reprogramaram de acordo com a nova envolvente e as novas prioridades estratégicas. Houve um reforço muito significativo no número de satélites que vai permitir que o tempo de passagem passe de seis para duas horas e pouco, o que significa que vamos ter uma cobertura muito maior, com impactos desde logo, por exemplo, na prevenção de incêndios”, explicou o presidente do IAPMEI. “Vamos ter uma visão muito maior no controle da nossa zona marítima, que é muito extensa. Isso era muito importante para assegurarmos o controlo da zona exclusiva económica, mas também vai permitir a utilização para questões de defesa”, acrescentou.

Apesar de não ser uma das agendas com maior reforço em termos de verbas (+7,33 milhões de euros) as agendas da cerâmica e do vidro destacam-se por terem o terceiro maior aumento percentual (16%). Deste ponto de vista seguem-se as agendas do Turismo (9,4%) e do Habitat (9,3%) com taxas de variação mais significativas.

Entre as 37 agendas que solicitaram uma reprogramação, as que solicitaram um aumento de ambição somam 464,48 milhões de euros. Um aumento que foi compensado pelos 145,31 milhões que as agendas da energia libertaram. A dimensão do esforço acabou por ditar alguns atrasos na decisão da reprogramação já que era necessário reforçar a dotação de 2,85 mil milhões de euros que as agendas tinham. Um montante que em si já foi fruto da primeira reprogramação do PRR, em 2023, que aumentou as verbas das agendas face aos 930 milhões iniciais. Recorde-se que a agenda que tinha a Galp como líder para criar a cadeia de valor das baterias nunca chegou a ser assinada e, portanto, havia ainda essa margem de cerca de 112 milhões de euros.

“Este nível de ambição resultou em ter de encontrar fontes de financiamento, um processo naturalmente mais exigente do que a mera redistribuição de verbas”, explicou o presidente do IAPMEI.

Só os setores do têxtil e vestuário e da floresta não pediram qualquer revisão dos incentivos que já lhes foram acordados: 66,68 e 63,67 milhões de euros, respetivamente.

As agendas já foram todas notificadas da reprogramação. O passo seguinte é aceitarem os novos termos, ou seja o novo contrato, e a partir daí podem contar com o reforço de apoios.

Apesar do aumento de ambição das agendas, Pulido Valente diz estar “muito mais tranquilo do que antes da reprogramação” com a capacidade das agendas mobilizadoras concluírem os seus investimentos dentro do prazo limite definido no PRR – 30 de junho de 2026. “Quando se dá oportunidade aos consórcios para reverem a sua ambição, em vez de aproveitarem para reduzir em baixa, aumentam essa ambição e propõe-se fazer mais, os consórcios demonstraram profissionalismo e responsabilidade, pelo que a sua decisão de aumentar a ambição reflete confiança na execução”, explicou o presidente do IAPMEI.



source https://eco.sapo.pt/2025/09/03/aeronautica-e-espaco-foram-o-setor-com-maior-reforco-nas-agendas-do-prr/