
Portugal tem novamente uma oportunidade de modernizar o setor da saúde com o apoio europeu – mas esta oportunidade só terá impacto se conseguirmos transformar investimento em resultados duradouros.
Nos últimos anos, os fundos europeus deixaram de ser apenas instrumentos de resposta em momentos de crise ou únicos. São uma das principais ferramentas de transformação estrutural, em Portugal e na União Europeia. Atualmente, o país dispõe de um Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de 22,2 mil milhões de euros1, em vigor até 2026, com a área da Saúde com mais de 1.700 milhões de euros. Este deve ser um investimento pensado para modernizar todo o ecossistema de saúde: desde a prevenção até ao tratamento, envolvendo o setor público, o privado, o social e as empresas. A saúde é, hoje, uma equação demasiado complexa para se resolver em silos.
Há sinais positivos. Nos últimos anos, assistimos à expansão de unidades de saúde, à digitalização de processos clínicos e à criação de novos hospitais/unidades de cuidados primários. Mas, se perguntarmos aos cidadãos, muitos dirão que pouco mudou. O acesso aos cuidados de saúde não é equitativo, as listas de espera continuam longas, os sistemas não comunicam entre si e a experiência digital é desigual. Persistimos num ciclo: grandes investimentos, mas pouco impacto. E é precisamente isso que temos de quebrar. As melhorias efetivas no sistema de saúde não se fazem apenas com obras de construção ou projetos isolados, fazem-se com integração, planeamento e uma visão de médio/longo prazo, baseada em dados em métricas precisas para gerar resultados e confiança.
O futuro da saúde não deve distinguir paredes institucionais – deve centrar-se nas pessoas, nos profissionais e nos resultados e tal só será possível se transformarmos a saúde através da tecnologia, para assegurar sustentabilidade financeira e humanização dos cuidados.
O Relatório Draghi, recentemente apresentado à Comissão Europeia, vai no mesmo sentido: defende uma Europa mais coordenada, inovadora e produtiva. O documento estima que a União precise de investir entre 750 e 800 mil milhões de euros adicionais por ano2, mas sublinha que o essencial é fazê-lo com escala, evitando desperdícios e duplicações. A saúde deve integrar essa visão europeia – uma lógica de plataformas comuns de dados, de investigação e de inovação – processos e tecnologia. Portugal tem condições para se afirmar: possui talento, universidades e empresas capazes de testar e exportar soluções, tornando-se um parceiro estratégico e uma montra de inovação digital na área da saúde.
Tendo por base o relatório mais recente sobre a execução do PRR1, mais de 60% dos investimentos dedicados à saúde, nos vários eixos (cuidados primários, novas e requalificação infraestruturas, aquisição de equipamentos e digitalização) estão por executar até 2026. Se usarmos os Fundos Europeus apenas para corrigir falhas e construir novas infraestruturas com os mesmos modelos de prestação de cuidados, arriscamo-nos a perder uma oportunidade única. Mas se os encararmos como catalisadores de uma nova geração de cuidados, com equipas multidisciplinares, profissionais e lideranças mais capacitadas e fortes e cidadãos mais envolvidos, então os resultados chegarão – não só às instituições, mas sobretudo às pessoas.
A saúde é um dos investimentos mais estratégicos que um país pode fazer. Porque o verdadeiro retorno não se mede apenas em euros, mas em tempo, produtividade e qualidade de vida.
- Plano de Recuperação e Resiliência – Recuperar Portugal, consultado a 4 de novembro de 2025
- Relatório de Mario Draghi sobre o Futuro da Competitividade Europeia | Compete 2030

Portugal tem novamente uma oportunidade de modernizar o setor da saúde com o apoio europeu – mas esta oportunidade só terá impacto se conseguirmos transformar investimento em resultados duradouros.
Nos últimos anos, os fundos europeus deixaram de ser apenas instrumentos de resposta em momentos de crise ou únicos. São uma das principais ferramentas de transformação estrutural, em Portugal e na União Europeia. Atualmente, o país dispõe de um Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de 22,2 mil milhões de euros1, em vigor até 2026, com a área da Saúde com mais de 1.700 milhões de euros. Este deve ser um investimento pensado para modernizar todo o ecossistema de saúde: desde a prevenção até ao tratamento, envolvendo o setor público, o privado, o social e as empresas. A saúde é, hoje, uma equação demasiado complexa para se resolver em silos.
Há sinais positivos. Nos últimos anos, assistimos à expansão de unidades de saúde, à digitalização de processos clínicos e à criação de novos hospitais/unidades de cuidados primários. Mas, se perguntarmos aos cidadãos, muitos dirão que pouco mudou. O acesso aos cuidados de saúde não é equitativo, as listas de espera continuam longas, os sistemas não comunicam entre si e a experiência digital é desigual. Persistimos num ciclo: grandes investimentos, mas pouco impacto. E é precisamente isso que temos de quebrar. As melhorias efetivas no sistema de saúde não se fazem apenas com obras de construção ou projetos isolados, fazem-se com integração, planeamento e uma visão de médio/longo prazo, baseada em dados em métricas precisas para gerar resultados e confiança.
O futuro da saúde não deve distinguir paredes institucionais – deve centrar-se nas pessoas, nos profissionais e nos resultados e tal só será possível se transformarmos a saúde através da tecnologia, para assegurar sustentabilidade financeira e humanização dos cuidados.
O Relatório Draghi, recentemente apresentado à Comissão Europeia, vai no mesmo sentido: defende uma Europa mais coordenada, inovadora e produtiva. O documento estima que a União precise de investir entre 750 e 800 mil milhões de euros adicionais por ano2, mas sublinha que o essencial é fazê-lo com escala, evitando desperdícios e duplicações. A saúde deve integrar essa visão europeia – uma lógica de plataformas comuns de dados, de investigação e de inovação – processos e tecnologia. Portugal tem condições para se afirmar: possui talento, universidades e empresas capazes de testar e exportar soluções, tornando-se um parceiro estratégico e uma montra de inovação digital na área da saúde.
Tendo por base o relatório mais recente sobre a execução do PRR1, mais de 60% dos investimentos dedicados à saúde, nos vários eixos (cuidados primários, novas e requalificação infraestruturas, aquisição de equipamentos e digitalização) estão por executar até 2026. Se usarmos os Fundos Europeus apenas para corrigir falhas e construir novas infraestruturas com os mesmos modelos de prestação de cuidados, arriscamo-nos a perder uma oportunidade única. Mas se os encararmos como catalisadores de uma nova geração de cuidados, com equipas multidisciplinares, profissionais e lideranças mais capacitadas e fortes e cidadãos mais envolvidos, então os resultados chegarão – não só às instituições, mas sobretudo às pessoas.
A saúde é um dos investimentos mais estratégicos que um país pode fazer. Porque o verdadeiro retorno não se mede apenas em euros, mas em tempo, produtividade e qualidade de vida.
- Plano de Recuperação e Resiliência – Recuperar Portugal, consultado a 4 de novembro de 2025
- Relatório de Mario Draghi sobre o Futuro da Competitividade Europeia | Compete 2030
source https://eco.sapo.pt/opiniao/fundos-europeus-e-saude-diagnosticar-e-tratar-o-sistema-nao-apenas-financia-lo/











